Considerado de alta prioridade para o governo, esse programa é visto com ceticismo por parte das farmacêuticas e fontes ouvidas pelo Valor. "Muitas dessas parcerias incluem produtos que já perderam a patente e que não trazem muita inovação", afirmou uma fonte da indústria. De acordo com outra fonte, o governo teve de trazer farmacêuticas privadas para o programa ganhar maior velocidade, uma vez que boa parte dos laboratórios públicos não apresenta certificado de boas práticas para funcionamento . "O que temos observado é a falta de transparência na escolha das empresas que participam dessas parcerias e até na aquisição de medicamentos", disse outra fonte.
No dia 22 de julho, o Diário Oficial da União publicou um extrato de dispensa de licitação para aquisição do medicamento Ritanovir 100 mg (incluído no coquetel da Aids). O laboratório nacional Cristália, que está entre os maiores parceiros do governo em PDPs, foi o escolhido para fornecer o produto. O Ministério da Saúde, que possui o direito de aplicar margem de preferência de até 25% para impulsionar a produção nacional, decidiu comprar o remédio por R$ 0,83 a unidade, 19% acima da expectativa da aquisição, de R$ 0,72. Comparado com o preço do mesmo produto da Abbott adquirido pelo governo em 2011, o preço ficou 50% maior.
Para fontes ouvidas pelo Valor, o governo tem dado prioridade para um grupo seleto de laboratórios nacionais participar dessas PDPs para estimular a produção n nacional. "Deveria haver uma maior transparência nesses processos de escolha", disse uma fonte. Outra crítica das indústrias é em relação à qualidade de boa parte dos laboratórios públicos. Há 17 deles com PDPs firmadas até o momento - muitos deles ainda não estão aptos para produzir medicamentos.
O Ministério da Saúde informou que desde 2011 intensificou a política de compra centralizada de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS). E por meio dessa política, amplia o poder de compra pelo aumento da escala para obter a máxima economia dos produtos ofertados gratuitamente. Essa política permitiu ao ministério economizar R$ 2 bilhões desde 2011 na oferta de medicamentos e produtos oferecidos gratuitamente no SUS. O governo também tem apostado na política de fortalecimento dos laboratórios públicos que no passado foram sucateados.
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